sábado, 17 de setembro de 2011

“Stand up” de um hipocondríaco na Bahia

- Semana passada o escritório me convocou para uma reunião na Bahia. Tenho medo de avião e sofro só de pensar na ideia, mas como andava muito estressado e o chefe convocou tão gentilmente, aceitei. Tava mesmo precisando relaxar. E, pelo que todos dizem, na Bahia não relaxar só para relaxados.

- Nem preciso dizer que antes da viagem gastei todo o meu estoque e Rivotril. A ansiedade, não, o medo, não, o pânico, só continha com as mágicas baguinhas. Mas sempre pensando que ia ser bom na Bahia. Todos sempre falam maravilhas de lá. No dia da viagem só não cheguei no avião dormindo porque homem que é homem se garante. E dá-lhe Rivotril.

- O vôo até que foi tranquilo. Fora as turbulências que impediram até o serviço de bordo com o apetitoso saquinho de amendoim que dá gazes e suco artificial perfeito para gastrite, o resto da viagem foi moleza. Moleza minha que apagava e acordava com os sacolejos. O rosto da aeromoça (moça?) me acordando em Salvador pareceu visão de um anjo. Finalmente em terra.

- Mas tudo tem seu lado positivo, até os ímãs, e poucas horas em Salvador fizeram meu coração entrar na malemolência local. Santo remédio o clima. Deixei de tomar até meu betabloqueador. O pulso não precisava de ajuda química e batia no compasso da cidade. Se tomasse a baguinha do cardiologista ia acabar com bradicardia. Isso sim.

- Entrei no ritmo do coração e
resolvi aproveitar. Mas não tinha como não voltar ao “sul maravilha” e ler meus e-mails. Antes do jantar fui à sala de meios do hotel. Confesso que estranhei não ter ninguém lá e o barulho da batucada que rolava solta na piscina, mas precisava me conectar com a matriz. Por sorte os computadores estavam ligados. Vai que também já estivessem no compasso?

- Acessei ao meu Gmail. Antes que achem que, porque estava em Salvador resolvi “soltar a franga, o “G” é de Google. Normalmente basta uma clicada e as mensagens abrem em seguida. Normalmente, mas nada tem ritmo normal na Bahia. Uns cinco minutos depois e nada. Nem uma resposta. Apenas a insuportável ampulheta rodando na tela.

- Comecei a me sentir como no Sul. Peito apertado. Nó na garganta. Coração disparando. Suor frio nas mãos. Lá fora a batucada. Na tela só a ampulheta. A pressa. A necessidade. Arfava. A dor no peito forte e nem mais Rivotril tinha. Sacudi o monitor. Gritei. Reclamei. Soquei. Já entrando em pânico pela falta dos meus e-mails e remédios imprescindíveis, vi, finalmente, a tela abrir com a mensagem em letras garrafais:


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