O sorteio dos Grupos da Copa Libertadores de 2014 certamente
terá duas leituras jornalísticas. Para os esquerdistas de plantão uma festa
fútil, sem a participação do povo, num salão de mesas impecáveis, à quatro
talheres e taças de cristal para os escolhidos, e ainda brindados pela
apresentação de uma orquestra com instrumentos feitos com materiais recicláveis,
vindos do seu lixo. A miséria, mais uma vez servindo aos poderosos.
Já os liberais dirão que é o espetáculo. O uso da orquestra
com instrumentos musicais feitos de materiais reciclável mostra a preocupação de
todo o planeta com o Planeta. Os cristais e os quatro talheres dão a tônica da
importância do evento. O futebol é uma paixão Universal e, como tal, merece
festejos imponentes, de acordo com sua importância na América Latina. É assim
que se faz na Europa e nós temos que ser, pelo menos, parecidos com os
europeus.
Da imagem sobra um som estranho. Garrafas pet, galões de plástico,
madeiras rústicas, fazendo os cristais das mesas vibrarem como um idiofone, num
espetáculo Broadway-circense. Fica a realidade. Cada vez mais o espetáculo do
futebol é mais espetáculo e menos futebol.