Chiko Kuneski
Hoje, 23 de novembro de
2019, não foi um dia de Jesus. Nem de Deus. São humanos demais para brilhar no
tabuleiro mágico do futebol. Os “deuses” do futebol mandam no retângulo de
grama. Mandam e desmandam. Os “deuses” do futebol movem os cordéis mágicos das
marionetes do espetáculo e decidem tudo ao seu humor.
Os torcedores não sabem
nada deles. São meros brinquedos apaixonados. São humanos demais para sentirem
a força do controle. E assim os “deuses” do futebol agiram.
A galhardia pragmática
de Gallardo, competente na marcação, tecnicamente quase perfeita, saiu
vencendo. Como ele mesmo pensou ter profetizado: “quem fizer o primeiro gol no
jogo da decisão vence a Libertadores da América”. A primeira decisão em um
único jogo, na infindável mania da América copiar os colonizadores europeus. E foi
assim que tudo correu. River saiu na frente.
Mas o argentino, na sua
empáfia portenha, esqueceu que acima de João de Deus e Jorge Jesus, estavam os “deuses”
do futebol. Os deuses não gostam de galhardias. Não gostam. Não toleram. Permitiram
que se vangloriasse até os estertores da brincadeira deles.
E, seguindo sua
diversão de ver o melhor futebol, as punem da maneira mais cruel. Para eles o
espetáculo está acima dos homens, querem se divertir. Não podia ser diferente
nesse embate terreno, com nomes divinos e egos dos deuses. No futebol o ego só
cabe ao ego dos “deuses” do futebol. A bola pune quando assim querem.
Duas bolas, no final. O
êxtase e a tragédia sempre se apresentam no final. Um jogo pragmático,
perfeito, impecável de Gallardo foi punido pelo gol. Do jogador que os
apaixonados pelo futebol batizaram com segundo nome de “Gol”. Um singelo Gabi,
diminutivo de Gabriel, para um expansivo “Gol”.
Os “deuses” do futebol
gostam do espetáculo. Movem suas cordas para a diversão e, normalmente, premiam
o futebol que mais os encanta. Sabem que assim cativam os meros humanos. Não gostam
das divindades meramente humanas. O preposto dos “dos deuses” do futebol é o
Gol.