Sabe quando você esquece das coisas mais simples porque
elas já não fazem mais parte da sua vida? Algo banal como salvar um texto. Muitas
variantes podem acontecer e a ideia "genial" tida há minutos se vai em décimos de
segundos. Mas não existem motivos para salvar o texto se apenas você usa o
leptop. Não tem como perder a inspiração por falta de energia. Tem bateria. O antivírus
é confiável e não vão roupar a inspiração. O sistema faz um backup do último
documento. Para que salvar?
Para salvar de mãos alheias. Físicas. Não virtuais. Para salvar
de gênios hibernes que começam a gostar de escrever no seu teclado. Quem tem
filhos ainda pequenos, sabe dos riscos. Quem não os tem; nem imagina. Até quem
já os teve e agora os filhos lhes trazem os netos, estão desacostumados. Não
contam mais com a velocidade das infantis pernas. Das espertezas das novas
cabeças. Esquecem que é um piscar de olhos e já era.
Já era o texto. A ideia, que corre tão rápida como as
pequenas pernas. Já era a própria inocência de sempre se achar a salvo. Salvo
pela solidão de adulto. Já era o indulto da indiferença da curiosidade. A
soberba da idade. Já era sua Era.
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