domingo, 18 de janeiro de 2015

O justo julgamento


Faz tempo procuro uma metáfora para a decisão por pênaltis num jogo de futebol. Talvez seja julgamento. Um julgamento sem jure, sem árbitros. Um ato único onde promotor e defensor se confrontam na mesma defesa. Da euforia.

É um ritual que julga sem provas. Apenas se atenta às destrezas. Do promotor que vai impor sua tese à bola, tentando que ela convença a rede. Do outro lado, o defensor, que conversa com a bola ao pé do ouvido, procurando demover seu ímpeto, impiedoso, de convencer a rede com as astúcias do promotor.

Um jogo de astúcias que começa no lento caminhar do cobrador, o promotor, e da paciência do goleiro, o defensor. Um caminha pensando como vai convencer a bola a seu favor, passo por passo, do meio do campo até o púlpito da cobrança do pênalti. O outro, apenas observa a caminhada e tenta entender quais argumentos serão usados para convencer a bola. Ele, às vezes, até conversa com as traves. Mas elas não julgam.

 No movimento dos corpos. Nos olhos nos olhos. Nas faces. Cobrador, promotor, e goleiro, defensor, se estudam. Não falam. Não precisam convencer jurados. A sentença será dada pela bola.

A bola é a verdadeira juíza que vai exprimir a decisão do julgamento decisivo. Somente a bola. Cabe ao promotor e ao defensor convencerem-na.

 CK

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