domingo, 8 de novembro de 2015

Os milhões e as migalhas

Chiko Kuneski

Escrevi pela primeira vez uma crônica pelo título. Acho que estou deixando de ser jornalista para viver de economia. Ou de economias.

O locutor foi categórico: “o segundo lugar no brasileirão vale R$ 6 milhões”. E continuou... “o terceiro lugar R$ 4 milhões”. Não falou do campeão (prêmio de R$ 10 milhões).

Meus meros reais suados no dia-a-dia para comprar um ingresso e ir a campo, ou adquirir o direito de ver e ouvir tudo isso “por tubo”, são insignificantes. O torcedor nada mais importa. O jogador é para se expor, se exportar, se importar ou se deportar. O torcedor para pagar.

Somos brasileiros, torcedores , cada um com suas cores, com suas alegrias, alegorias e suas dores, os milhões que viraram milhões.  O futebol virou negócio. Negociável. Não é mais a conquista. A medalha. A marca no peito. O qualitativo é quantitativo.


A glória da conquista está no banco. Nos bancos fora de campo. A firula é contábil. O drible jurídico. O passe pagável. Já falta “pão e circo” nas modernas arenas. Nada mais é de graça. A desgraça chegou ao seu limite: do orgulho desfeito. 

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