segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Lágrimas de crocodilo.

Chiko Kuneski

A dor. Diferente do ardor. Há a dor. Física. Emocional. Química. Passional. Fingida. É subjetiva. Imensurável. É absolutamente individual. Nem mesmo a medicina mais moderna detecta seu grau. A dor é de dolorida a teatral.

Teatro. Que tablado mais mágico para encenação que o campo de futebol. Um losango perfeito para o movimento, pulos, saltos, rolagens, olhares. Quando o mundo põe câmeras sobre o tablado o teatro é global. Os gestos individuais coletivizam.  A dor faz-se encenada.

Que expressão há para a dor se não o choro. É atávico. A criança chora por qualquer dor, até a falta de atenção. O choro é a melhor forma de chamar a atenção. Mesmo que um choro fingido. Teatral.


Mas não existe choro sem lágrima. É falso. Enganoso. Fingido. Assim foi o choro de Neymar Jr.  Contorcido. Teatral no tablado de grama globalizado. Marqueteiro. Apenas secas lágrimas de fingimento para o olhar das câmeras. Lágrimas de crocodilo.

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