quinta-feira, 19 de julho de 2018

Diarreia cibernética



Chiko Kuneski

Às vezes tenho toda a vontade de vociferar. Vá à merda, modernidade. Mas seria cruel demais com a merda. Ela nos sai limpando, expelindo o mal, expurgando o “gurgitar” (licença poética da antítese). Sai mais pura que a putrefeita enfadonha que nos empurram goela a baixo.

A modernidade é perfeita. Até seu primeiro “bug”. Primeiro, segundo, terceiro, primeiro que gerou o segundo que tinha que ter sido resolvido no primeiro e que gerou o terceiro. Nesse conjunto numerário vem um quarto. O cidadão, moderno, que tem que entender que a modernidade é um conjunto de problemas; não de soluções.

Mas você não pode ter um “bug”. Você não tem o direito de ser um besouro no sistema. Não nesse sistema. Você é um mero Bit, quando muito um Bite, para poucos. Só o sistema tem o direito de dar pane. Você é humano. Entenda. Engula. Vomite. Cague.

Está na hora de cagarmos para a modernidade tecnológica. Ou ela vai continuar cagando sobre nós as nossas próprias fezes.


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